quarta-feira, março 29, 2006

Direita em apuros: França e Israel

Decorreram hoje em França as maiores manifestações dos últimos 30 anos. Cresce contestação à proposta de Contrato de Primeiro Emprego, que não é mais do que uma tentativa do governo de direita de precarizar completamente o trabalho jovem para mais tarde atacar os restantes direitos laborais franceses.


Perto de 3 milhões saíram à rua, segundo os sindicatos e até o governo foi forçado a admitir que o número de manifestantes ultrapassou um milhão.


Atacado à Esquerda por estudantes, sindicatos e oposição que defendem os seus direitos e à direita por Sarkozy, provavel rival na sua àrea política nas próximas eleições, Villepin vê o seu futuro político comprometido. Ao ceder perderá definitivamente a hipotese de disputar a corrida presendicial para Sarkozy, que será o representante da direita e mesmo de alguma extrema direita, agradada pelas suas declarações racistas e xenófobas. Ao recusar-se a deixar cair a proposta do CPE, Villepin arrisca a que sindicatos+estudantes+oposição paralizem o país e obriguem Chirac a demitir o governo. Resumindo, Villepin está neste momento entre a espada e a parede.

Por sua vez, em Israel, as primeiras projecções de resultados das legislativas mostram um resultado inesperado: o Kadima, partido centrista criado por Ariel Sharon vence as eleições, mas por uma pequena margem, logo seguido pelos Trabalhistas. Outra surpresa é o humilhante resultado do direitista Likud, chefiado por Netanyahu que foi relegado para o 4º lugar, ultrapassado por um partido russófono ortodoxo também de direita. Com este resultado espera-se que o Kadima governe em coligação com a esquerda Trabalhista e prossiga com a desocupação dos colonatos israelitas em territórios palestinianos e assim avance com o tão desejado processo de paz. Agora, sem a ameaça dos ortodoxos do Likud, um acordo de paz tem uma real possibilidade de vir a ser alcançado.